Algumas vezes ficamos tristes ou frustrados com a forma ou com o desenvolvimento de nossa escalada. Este assunto surgiu mediante uma conversa que estava tendo com uma amiga, comecei a pensar o que realmente importa, o que realmente nos motiva… Claro o pensamento é individual e infinito, e por sermos seres em constante mutação pode ser que nosso pensamento mude também, mas o fato é que de alguma forma compartilhamos das mesmas sensações.
O que é se sentir feliz na montanha? Na escalada? Se sentir realizada com algum feito…?
Antes de tudo acho que temos que parar para pensar em não nos menosprezar em momento algum só porque você não conseguiu fazer alguma coisa.
O que desmotiva na escalada? Não guiar décimo grau? Não fazer força que nem uma alucinada? Algumas de vocês sabem melhor do que eu que escalada não é apenas um esporte é uma filosofia de vida, mas se por um instante vocês se esqueceram disso, vou tentar relembrá-las de alguns pontos que para mim são fundamentais.
Escalada é muito mais do que um esporte, é estar sempre em contato com a natureza, não importa a forma na qual você escala, o importante é sentir a presença de algo sublime, algo que simplesmente não temos como explicar, é sentir vontade de chorar e de sorrir ao mesmo tempo ao olhar uma paisagem vista e admirada por poucos, é ter a oportunidade de ter um ângulo diferente das coisas, é sentir que todos os seus sentidos estão aflorados e mais sensíveis, é saber que você realmente esta entregue e atenta a tudo, mas sem perder as sensações, é saber que seu parceiro (a) compartilha as mesmas sensações que você, e o mais intrigante, com apenas um olhar ou duas palavras vocês se entenderem, entenderem o que precisam fazer, tornando assim uma total sintonia entre vocês e entre a natureza.
Escalar grau? Pra que? A quem a gente tem que mostrar isso? À que temos que desafiar? Com quem estamos competindo? COM NINGUEM! Estamos ali únicas e simplesmente fazendo o que amamos, o que nos dá prazer e alegria! (Em momento algum estou dizendo que não se deve escalar grau, mas apenas ressaltando que isso não é o primordial e nem o mais importante).
O que eu penso a respeito ter um único objetivo, que é alcançar uma determinada graduação, bem grau pra mim é apenas um limite de superação do seu corpo, se você consegue ótimo, se não consegue ótimo também, sinal que você chegou no seu limite, e se a cada dia você progredir um pouco, estará evoluindo… mas aos poucos sem se cobrar. O medo serve para impor limite, não desafie, respeite. Se o problema é psico, um dia ele vem não se julgue não se cobre. A partir do momento que você se cobra demais, deixara de ser prazeroso.
Nosso esporte é lindo por isso, para ser montanhista não precisa ser um lunático ditado por regras impostas por alguém, é sentir, ver, compartilhar, é ir aos poucos sem cobrar nada, a evolução é natural, para uns mais rápidos, para outros nem tanto. A aqueles que zombam, nem ligue, um dia eles começaram como vocês, um passo de cada vez, não de ouvidos aos que zombam e sim aos sábios, eles sim saberão dizer o que realmente fará a diferença.
Viva o momento… Porque cada um é especial e único. O amanha? Ah ninguém sabe! Então aproveitem o agora.
Eu não sei se tudo isso que eu disse foi valido pra alguma coisa, não sei se esses são os medos de muitas, mas disse baseado nos meus. Hoje eu não guio, mas vou de segundo feliz, não vou desatenta como todos dizem de quem vai de segundo, vou feliz, podendo sentir a pedra, a energia que emana dela, podendo sentir o vento batendo no meu rosto e bagunçando meu cabelo, o cheiro de terra, o barulho das arvores, o cantar dos pássaros, que mais eu posso querer? Essa é a essência de que todos precisam, para saber o que é o verdadeiro prazer de se estar na montanha! (pelo menos eu penso assim).
Por Fernanda BB
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