Festinha de Criança – Serra do Cipó – foto: Barão

 

Uma das escaladoras mais lindas que conheço. E sua beleza vai além da física. Mulher doce, divertida, altíssimo astral e muito talentosa!

 

Nasceu em Minas? Em qual cidade?
Sim, nasci em Belo Horizonte, MG

Está com quantos anos?
Estou com 32 anos.

Quanto tempo de escalada?
Tenho 9 anos de escalada.

E como começou? O que te motivou?
Comecei na Lapinha, Lagoa Santa, MG com alguns amigos… Apaixonei no mesmo dia pelo esporte e na mesma semana comprei minha primeira sapatilha e nunca mais parei de ir pra rocha… a não ser o tempo em que fiquei afastada por dois anos por causa de um acidentezinho que tive em Sete Lagoas. Mas logo voltei bem motivada e com o incentivo do maridão!!!

Muitas cadenas? Quais vias?
Várias… uma em especial foi a primeira parte da Heróis da Resistência- 9a, Serra do Cipó, MG, em 2008, pois, foi meu primeiro e único nono grau até hoje. Marcou, pois, na época as únicas vias expressivas que havia feito foram: a primeira parte da Ética Decomposta- 7c e a Festinha de Criança-8c, ambas na Serra do Cipó… Na verdade foi uma surpresa para mim, pois, não imaginava que conseguiria encadenar um nono grau tão rápido . Havia me inspirado na cadena da Janaína Xavier, a Jana (Curitiba) e nas tentativas da Roberta Resende (Beta)… Elas me convidaram para entrar na via, e eu, sempre muito tímida, não entrava nunca. Até que com o apoio do maridão resolvi encarar o desafio e vi que para mandar bastava entrar na via. Lógicamente ouvi muitas críticas por não ter uma “base” ainda, mas mesmo assim fui determinada, treinei em casa no meu murinho, entrava sempre que podia na via na segue do Binho, amigo e escalador local, e mandei rápido, apenas dois meses entrando na via, foi bem legal !!!


Heróis da Resistência – Serra do Cipó / Fotos: 1 – Barão e 2 – Gustavo Baxter

 

Tem malhado? Faz algum treinamento?
Malho sim… Não tenho uma rotina de treinamento, pois, quando tenho hóspedes no Abrigo Cipó as coisas mudam, fico sem tempo, mas quando posso sempre treino resistência, faço barras, campus e system wall… Tenho pedalado bastante e procuro ir para a pedra em média três vezes por semana (Quando o Barão está aqui e quando estou malhando uma via). Uma das minhas metas esse ano é encadenar a Morfina-9a, via bem boulderística, que exige força e explosão, que não é o meu forte, então tenho que treinar para isso.

Pensa em voltar a competir?
Competi poucas vezes em festivais no Rio, para zoar e encontrar os amigos, nunca levei a sério, pois, nessa época não treinava com seriedade, rsrsrs. E sobre voltar a competir, acho que não, minha meta de treinos é para mandar vias aqui na Serra do Cipó, não para competição, mas admiro bastante aqueles que competem e se dedicam a tal objetivo.

Já fez alguma via de parede? Tem vontade de fazer alguma?
Já fiz algumas sim, apesar de ter medo de guiar cordadas. Já escalei no Dedo de Deus, algumas vias na Babilônia, fiz Italianos no Pão de Açúcar, escalei muito no Morro da Boa Vista, na Prainha, RJ, pois, morei em Vargem Grande, bairro afastado no Rio e ficava pertinho da minha casa. Quando morei em Lumiar-N. Friburgo, escalei na Pedra do Mafort, Pedra da Benfica e na Pedra Ehler, onde moramos por dois anos e plantamos uma sementinha por lá, divulgando o esporte e abrindo algumas vias esportivas. Na verdade guiei apenas cordadas na Babilônia, rsrsrs, não tenho vergonha de dizer que sou muito medrosa e respeito isso em mim.


Craque da Massa – Chapada Diamantina – Foto:  Barão / Rei do Cangaço – Chapada Diamantina – Foto: Barão

 

E como está sua nova vida de empresária, dona do belíssimo Abrigo Cipó, junto com seu marido, Eduardo Barão? Está dando para escalar em outros lugares além do Cipó?
Muito obrigada pelo “Belíssimo”, sou suspeita para falar, pois também acho lindo, rsrsrs. Administrar, cuidar e trabalhar no Abrigo Cipó está sendo um sonho realizado. É muito gostoso, tenho muito carinho e zelo pelos hóspedes e o local… Quem já veio aqui pode dizer por mim. Trabalhamos muito para que tudo funcione bem, nós é que botamos a mão na massa em tudo, desde a arrumação dos chalés, manutenção dos jardins, responder e-mails de reservas, postar no blog, produzir pães, bolos, iogurtes para o café da manhã, etc. Bem, feriados e finais de semana não dá para sair mais, mas sempre que podemos viajamos para lugares próximos, para escalar ou pedalar como Conceição do Mato Dentro, Lapinha da Serra, Tabuleiro, São José da Serra, etc. E uma vez por ano tentaremos fazer uma longa viagem fora de temporada, como fizemos em maio para a Chapada Diamantina- Ba. Foi maravilhoso e conseguimos fechar o Abrigo por 20 dias…

E por falar no Barão…estão juntos há quanto tempo?
7 anos.

Como se conheceram? Este trabalho dele como dublê, você fica preocupada?
Nos conhecemos na Limite Vertical, quando ele ainda era um dos donos junto com o Flávio Carneiro. Havia ido para o Rio escalar junto com uma grande amiga, a Cacá, que foi nosso cupido, rs.
Fico preocupada sim, apesar de ter me acostumado. Ele se machuca muito e já está bem cansado do que faz e louco pra largar tudo no Rio e ficar aqui direto… Ele ama o que faz mas trabalha como dublê há 16 anos, e por ser um trabalho muito físico, já está desgastado e o reconhecimento é muito pequeno.

Quer deixar algum recado para a mulherada?
Quero sim… Quero dizer para cada uma escolher o desafio que quer para si, pois este esporte ou estilo de vida nos dá várias opções de nos desafiar, seja num boulder, num big wall, numa alta montanha ou numa falésia. Essa liberdade de se expressar da forma que quiser em meio a tanta natureza é o que me encanta e o que me faz querer escalar mais e mais sem limites. Ninguém é mais montanhista que ninguém porque escala essa ou aquela montanha, ou esse boulder, ou aquela via de tal graduação…rsrsrs. Que besteira… Acho isso tudo muita bobagem!  Escute sempre seu coração, faça o que achar que deve ser feito sempre respeitando seu corpo e mente, pois, não há nada mais prazeroso do que conseguir chegar ao topo de algo que achava impossível para sua vida. Desafie-se e fique repleto de alegria. Divirta-se e tenha sempre paz no coração, pois, o melhor escalador é aquele que mais se diverte!

 

Entrevista concedida ao Site Mulheres na Montanha

Feita por  Rosane Camargo