Fiorde Land – Nova Zelandia
Conheçam um pouco mais desta grande montanhista paulista, que durante 25 anos dedicou grande parte do seu tempo como voluntária da APEE, Femesp e CBME.
Nome: Neusa Maria Vedovato de Oliveira
Idade: 51
Cidade: São Paulo
Quando e como foi o seu primeiro contato com o montanhismo e com a escalada?
Tudo aconteceu quando resolvi fazer um curso de montanhismo em 1988 depois de ter feito algumas trilhas com a Free Way. Nesse curso fui apresentada a escalada no Pico do Jaragua, confesso que não fiquei muito a vontade na epoca, e pra ser sincera morri de medo, mas curti . Curti mais ainda as caminhadas e os acampamentos. Descer a serra do mar pelo leito do um rio, conhecer o Itatiaia, subir Prateleiras e o Pico das Agulhas Negras foi maravilhoso e decisivo para que eu continuasse no montanhismo. Além disso as amizades que fiz foi um caso a parte, foi nesse curso que conheci o Marcelo Lopes, meu marido, e estamos casados há 19 anos.
Como é ser montanhista na cidade de São Paulo? Dá para escalar todo final de semana na rocha?
Quem me dera! Ser montanhista em SP é ter muita disposição para encarar uma semana estressante de trabalho e depois encarar mais algumas horas de transito pelas marginais e estradas para chegar em um point de escalada. Infelizmente não temos montanhas tão proximas quanto no RJ, mas temos bons ginásios para treinar indoor, e quando dá um tempinho e coragem vamos para São Bento do Sapucai, Andradas ou outros lugares que nos permitem escalar e caminhar.
Cachoeira do Tabuleiro – MG / Vista Aérea – São Bento do Sapucai
Como começou seu trabalho voluntario pelo montanhismo e escalada. De que forma isso surgiu na sua vida?
Em 2000 quando montamos o ginásio de escalada, Vertical Indoor na cidade de Arujá, começamos a participar de campeonatos incetivados pela Femesp.
Com isso surgiu a necessidade de ter um clube ou associação que representasse os atletas dentro da Federaçao. Assim surgiu a APEE em 2002 com foco na escalada esportiva, priorizando a organizaçao de campeonatos e o regulamento para o Ranking Paulista. Como essas atividades sempre estiveram muito ligada com a FEMESP passei tambem a colaborar como voluntarias nas ações de montanhismo.
Infelizmente a APEE foi encerrada agora em Nov.2013, mas minha disposição como voluntária para continuar ajudando pelo montanhismo não acabou não.
Conte um pouco da sua atuação nas entidades esportivas como APEE, FEMESP e CBME.
Desde a fundaçao da APEE fiz parte da diretoria, ora como secretária, ora como tesoureira, e participando ativamente das reunião, controlando e administrando a parte burocrática e atuando nos campeonatos no pré evento com inscrições, formulários, manutenção do site, brindes, medalhas, trofeus, etc., no evento como recepcionista e suporte ao staff, e pós evento no controle das contas e publicação dos resultados.
Pela Femesp participo como voluntárias na organização dos eventos de abertura de temporada, oficinas, ações de limpeza de trilha, etc.
Pela CBME atuo como tesoureira desde a fundação e vejo de perto as dificuldades do montanhismo brasileiro. Começa pela parte financeiras com a dificuldade e mesmo a falta de pagamento da anuidade por parte de algumas federações até a diversidade de interesses e necessidades como acesso as áres de escalada e trilhas, manutenção da filiação brasileira as entidades internacionais como IFSC e UIAA, participação em conselho de parques, entre outras atuações da diretoria no que tange a relacionamentos politicos e comerciais .
Travessia ao redor do vulcão Vila Rica – Chile
Nesse trabalho o que é bom e o que é ruim?
A parte ruim é falta de tempo de poder se dedicar mais, e digerir as criticas de quem nao participa ativamente cobrando e questionando o nosso trabalho . A parte boa é a minha consciencia de que, de alguma forma estou ajudando como posso à causas que me identifico e gosto que é promover o esporte e interagir com a natureza,
Qual o motivo do encerramento da APEE e o que isso representa para a escalada de modo geral?
A APEE perdeu o folego, cansou. Mesmo muita gente achando que não se fazia nada, foram 11 anos de muitas atividades, …ainda vou fazer um histórico para deixar registrado ….mas entre Ranking Paulista, Open e Escolar foram 34 eventos, fora o apoio em alguns campeonatos Brasileiro e várias oficinas de tecnicas e nós …. mas infelizmente acabou.
Não dá para apontar um motivo específico, mas sim várias razões, entre elas a falta de associados, a falta de atletas participando dos eventos, a falta de patrocinio para o esporte, a falta de gente motivada para dar continuidade.
Ë uma pena que isso tenha acontecido, mas não foi só em SP que a escalada esportiva perdeu a oportunidade de ter uma associação que pudesse lutar pelos seus interesses. Isso significa que é hora de parar e esperar que um novo grupo se inspire e retome os trabalhos de desenvolvimento do esporte.
Qual é o novo rumo que a escalada esportiva em SP vai tomar?
Pelo que estamos percebendo há um movimento que deverá atuar a nivel nacional, e não só em SP para promover a escalada esportiva. Sinceramente espero que dê certo, embora se regionalmente já é dificil juntar as pessoas, imagina a distancia ! . Mas na era FB, Skype, Google+ etc . não tem desculpa né ???
Tronador – Argentina
Qual é seu propósito daqui para frente já que não haverá mais a APEE, Você continuará trabalhando voluntária para a escalada esportiva?
Para a escalada esportiva diretamente não, vou me filiar agora direto na Femesp e continuar ajudando no que puder. Já na CBME como tesoureira farei o que for preciso tanto pelo montanhismo como para a esportiva no quesito finanças, e no que mais puder ajudar.
E para 2014, quais são os seus planos?
Quero viajar e fazer muuitas trilhas. Uma delas poderá ser o Tour do Mont Blanc, que foi adiada de 2013 por uma seria de motivos particulares.
Além disso quero fazer mais trilhas por esse Brasil afora que ainda nao conheço.
Quero ir mais para o RJ escalar com as amigas, e nao só no evento Mulheres na Montanha . Com voces a escalada é pura diversão, sem compromisso de evoluir no grau, pura curtição, adrenalina e bom papo, além do visual que é sempre deslumbrante
Pra finalizar, qual o conselho que você dá para as meninas que querem começar no esporte?
Começa logo, mas faça um curso primeiro . Aprender a fazer as coisas com segurança e respeito é sempre mais confortavel e divertido .
Entrevista concedida ao Site Mulheres na Montanha em novembro de 2013
Por: Adriana Mello