Cume da Agulhinha da Gávea – Foto: Alexandre Diniz

 

Dani não encadenou nenhum 10 a, não completou nenhum big wall na serra dos órgãos e muito menos conquistou alguma via sinistra…Mas o que esta advogada se propõe e se dedica a fazer, poucas pessoas encaram…
Correr atrás de abertura de acessos para nós escalarmos e de propostas para que nosso esporte tenha voz dentro dos Parques e Unidades de Conservação, tem que ser muito raçuda, e essa mulher é! Conheçam esta mulher a quem devemos muito!!!

 

Nasceu no Rio?
Sim, em 08 de novembro de 1975

Está com quantos anos?
34

Profissão?
Advogada (especialista em direito ambiental)

Quando começou a escalar?
Em 2001

Como foi?
Desde que menina, fazia muitas caminhadas e vivia acampando… Em 1996, entrei para a ONG GAE (Grupo Ação Ecológica) onde vários membros já eram escaladores. Depois fui ser chefe da assessoria jurídica do IEF/RJ (Instituto Estadual de Florestas) onde o Presidente era o André Ilha. Aí passei o réveillon de 2000 em Salinas na companhia do pessoal do Clube Excursionista Carioca. Foi quando tomei coragem para subir em rocha. Amei! Não tem sensação igual a chegar num cume!

E como você foi parar na FEMERJ?
Pela experiência no GAE, no IEF e na FEEMA e como advogada ambientalista, acho que foi natural. Eu estava envolvida em todas as questões ambientais da Femerj, especialmente àquelas relativas aos acessos.

 


Fotos: Arquivo pessoal

 

Há quanto tempo está na diretoria?
Quando assumi a chefia de gabinete do IEF ficou incompatível estar no governo em cargo de alta confiança e ao mesmo tempo ser diretora de uma federação onde os assuntos muitas vezes se encontravam. Por isso, sai formalmente, mas continuo ajudando, quando é preciso!

É um crux atrás do outro, né? Me diga, qual o mais trabalhoso?
O crux mesmo, aquele sinistro veio quando a Luana nasceu. A escalada foi a que mais sofreu … porque não dá para parar de trabalhar e nem para não cuidar da pequena filha! Ah! Mas ela agora já está uma moça, estou voltando para as montanhas!

 


Arquivo pessoal e Via Jorge de Castro / Agulhinha da Gávea – Foto: Alexandre Diniz

 

Sumaré…existe uma esperança?
Achava que o acesso ao Sumaré já estava garantido, apesar de extra-oficialmente. As dificuldades no Ibama, hoje ICMBio, são muitas e quando a gente estava quase conseguindo mudaram as pessoas, inclusive eu mesma que trabalhava lá e sai. Muito recentemente, descobri que o portão da Rua Senador Simonsen foi fechado pelos moradores que utilizam uma área da União em plena área nobre da Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro. Já conversei com o Chefe do Parque Nacional da Tijuca que disse que vai resolver esta questão ainda este ano! Não desisti, vamos fazer o que for necessário para garantir nosso acesso a uma área pública, situada em uma unidade de conservação cujo objetivo é exatamente a recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Numa cidade como o Rio de Janeiro, não podemos nos privar de usufruir de nossas riquezas naturais que, felizmente, estão situadas ao lado da nossa casa.

Poderia nos contar as conquistas da FEMERJ nas quais você participou? Creio que em todas, né? 🙂 Participei timidamente de algumas. Cito como exemplos: o recente Decreto Municipal de Acesso às Montanhas, a criação do Monumento Natural do Pão de Açúcar, o acesso às Aderências do Sumaré (ainda sem ser oficial), a colocação da FEMERJ nos conselhos consultivos das unidades de conservação (PNSO, PNT, PNI, PEPB, PETP, PESET), a interlocução direta da Femerj com os chefes de parques, a realização do I Encontro de Montanhismo no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e dos Seminários de Mínimo Impacto do PNT, da Urca, do PESET e do PETP.
Aí, uma outra grande conquista que não posso deixar de comentar não se refere à FEMERJ propriamente mas é muito importante!
Pela primeira vez na história do Estado do Rio de Janeiro conseguimos a imissão de posse para o Estado de uma fazenda chamada Vale dos Deuses no Parque Estadual dos Três Picos. Esta fazenda é fundamental para acessos à importantes escaladas em Salinas. Agora, contamos com o Núcleo de Montanhismo do Parque. A idéia é que a propriedade e a pequena casa que lá se encontram sirvam de abrigo aos montanhistas e garante definitivamente a nossa entrada e permanência nesta unidade de conservação!

O que ainda está em andamento?
Tudo … rsrsrsrsrsrs

Quer deixar algum recado?
Quero voltar a escalar!!! Que saudades, especialmente quando juntava a mulherada e a conversa rolava solta! rsrsrsrs … coitadas as cordadas ao lado!
Acho que a FEMERJ é um exemplo de Federação no país e no mundo. Fico imaginando um filme contando a história, as conquistas, as pessoas… o sucesso da FEMERJ! (tipo um filme do Parque de Yosemite que passou na Mostra de Filmes de Montanhas há um tempo). Olhando pra trás e pra hoje, tanta coisa mudou… E considero que o incansável presidente tem muito haver com isso. Eu daria um prêmio a ele!
Adorei o site, ele está lindo!!

 


Dani com a filha Luana na ATM – Foto: Marcelo Roberto

 

Entrevista concedida ao Site Mulheres na Montanha

Feita por  Rosane Camargo