Phantomas Boy foi meu primeiro nono grau! Interessante porque ele não era muito esperado, não era nem projeto meu (até porque a proposta dele era de um 9b ou até 9c, com nome original de Phantomas). Engraçado que esse bloco é o primeirão de todos na trilha que acessa em torno de 140 lances de bolder, setores que a gente chama de “Pic-nic”, e quando Ralf e eu começamos a abrir os bolderes de Taquaril (2006) ele era o famoso “impossível”, sonho de consumo.

Ralf tentava no início, mas ele mesmo nem insistiu muito. E fomos evoluindo aos poucos, acostumando com o estilo do lugar, abrindo lances e lances…  comecei a fazer os conhecidos 5ºsups do Ralf. Até que os bolderistas do Rio de Janeiro começaram a freqüentar o pico e me informar discretamente de que os 5ºsups do Ralf não eram bem 5os. “Ana, você já está fazendo 7o há muito tempo!” Foi assim que descobri que tinha feito alguns 8os. Mas só acreditei mesmo quando viajei pra outros picos de bolder e consegui fazer 7os à vista e até 8a (V6) rápido. Bem, mas esse tratamento de choque até que foi benéfico, porque pareceu, pra mim, que tinha evoluído de uma hora pra outra .

No início de 2011, estou lá eu nos projetinhos de V7 e V8, quando chega a turminha forte (Miguel Osório(Esteban), Daniel Lustoza, Rodrigo Nunes, Camilla Porto). Os “meninos” começaram a tentar o tal “impossível” Phantomas, quando o Osório fez no mesmo dia, dando realmente V10 (9b). Daí o salvador Daniel achou uma pega melhor e mais baixa pra se lançar no bote, alternativa ao “nada” que o Osório catou. Foi então que a Camillinha botou a pilha “Ana, vem tentar, kmon!” Como sou movida a pilha, fiquei tentando com ela na segue… e num é que me saí bem! Vendo que estava me encaixando legal e voando como os “meninos”, resolvi comprar a briga. E aproveitando que o Ralf também tinha ficado na fissura, voltamos lá dois dias depois, num fim-de-tarde, junto com o espanhol Luca Escudier, que filmava (mais o Ralf, né, na esperança da cadena).

Já tava escurecendo quando resolvi dar um último tente com uma sapata mais precisa, pra decidir qual eu levaria da próxima vez… e… quando minha mão ficou na aresta, meu corpo parecia estar parado no ar, aquela sensação de segundos “estou realmente aqui, ou já caí?”. “Boa, Ana, vamooo!”, aquele estímulo crucial em lances tão extremos, vindo da base. Tive que me ajeitar pra colocar o magnésio, afinal não conhecia o domínio, e dali a vaca já era estranha. Respirei fundo e dominei, assustada com o que tinha feito. O Luca não filmou a cadena, até porque a luz já não dava, mas tirou altas fotos, que vocês podem ver aí. Alguns dias depois o Ralf e o Daniel fizeram também, e em respeito ao incrível lance que o Miguel Osório havia feito antes de descobrirmos a nova agarra, colocamos o nome deste de Phantomas Boy V9 (9a). Na outra semana, o Ralf mandou também o Phantomas V10 (9b), confirmando que era realmente mais difícil.

Se você leu, valeu a paciência… muito bom compartilhar com a mulherada (e reviver) momentos tão intensos e efêmeros! Obrigada ao meu patrocinador oficial Abrigo do Elefante, e a meus apoiadores Camilla Porto, Daniel Lustoza e Ralf Côrtes!

Mais fotos de bolder em Taquaril no www.abrigodoelefante.com

 

Por Ana Alvarenga